Um dia desses liguei pra Geisa e a convidei para irmos à praia de tarde depois do trabalho. Fomos à Copacabana assistir o pôr- do- sol e que coisa maravilhosa foi caminhar no calçadão à noite. O frescor da brisa do mar, a iluminação... Ah como são belas as obras das mãos do Senhor... Mas deixa eu caminhar para onde eu quero chegar... Sentadas na areia fomos surpreendidas por dois jovens. Não, não, jovens não... Fica um linguajar muito “crentês”. Por dois rapazes, homens... Já sei! Carinhas. É tá bom. Carinhas... Voltemos então...
Fomos surpreendidas por dois carinhas que pediram que tomássemos conta de seus skates enquanto pegavam algumas ondas. Dissemos que já estávamos de saída e que ficaríamos por mais uns dez minutinhos apenas. Eles agradeceram e foram pro mar. Enquanto eles faziam o que eu gostaria tanto de fazer conversamos desde como eles conseguiram se equilibrar nos skates com as pranchas até a filosofar sobre a vida vendo um cachorrinho sem uma das patas correndo na areia mais feliz que muitos com as quatro. A felicidade é realmente relativa.
Com isso passaram-se bem mais de dez minutinhos... Começamos a ficar incomodadas:
-Caramba quero ir embora... Avisamos que era só 10 minutinhos...
- Dá vontade de ir e largar td aí. Não os veremos nunca mais mesmo. rs
- É mais não podemos fazer isso.
- Eles estão olhando pra cá? Faz sinal aí pra eles olharem.
- Hum... que nada... estão super entretidos lá.
- Vamos deixar eles pegarem só mais uma ondinha e a gente levanta pra ver se eles se ligam.
- Tá bom.
Assim fizemos e veio um deles alegre como uma criança, agradecendo muito, o que nos fez esquecer instantaneamente de como estávamos irritadas:
- Obrigada meninas, muito mesmo. Eu pagaria uma água de coco pra vocês, mas não trouxe nem um tostão...
Nossa essa frase amoleceu nossos corações... Ficaríamos mais dez minutos só pela gentileza e gratidão.
Respondi que não precisava e que mesmo que ele tivesse trazido algum dinheiro este estaria encharcado agora. Ele riu. Nos despedimos.
E fiquei pensando em como as pessoas gratas, as que sabem ser gentis conseguem muito. Há pessoas que são tão agradáveis que faríamos qualquer coisa por elas achando a melhor coisa do mundo servi-la. Conseguem de nós o que querem e de um jeito que não nos sentimos exploradas, mas especiais e até mesmo honradas por confiarem a gente tal tarefa. Não é o máximo?
Triste é que poucas pessoas tem essa qualidade, feliz saber que se ela não veio naturalmente na genética ou criação pode ser adquirida com disciplina e atenção.
Quando foi a última vez que você foi gentil? Qual foi a última vez que você agradeceu um favor fazendo mais do que usar os verbetes: Muito obrigada mesmo.
Demonstre gratidão também com palavras, mas se esforce a pensar num favor mais amplo, agradeça com seu sentimento. Vá além do obrigada. Diga que se pudesse faria mais do que agradecer, daria algo que te custasse... Deixe que saibam que se você pudesse pagaria uma água de coco... Não custou nada a ele. Apenas palavras. Mas se encontra-lo eu garanto: valerá a pena tomar conta de seu skate. Não por que ele seja bonito, mas porque ele é grato.
Beijos,
Sabrina S Pinto.
"A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Ela torna o que temos em suficiente, e mais. Ela torna a negação em aceitação, caos em ordem, confusão em claridade. Ela pode transformar uma refeição em um banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje, e cria uma visão para o amanhã."(Melody Beattie)